E aí, depois de ler tudo isso, deu vontade de ir ao banheiro? Ou quem
sabe beber um copo de água, leite…? Vá em frente, ora. Mas tome cuidado
ao voltar.
O carazi é aparentemente um garotinho de seis anos de idade, com
olhos negros e sem íris, pele costurada no lugar da boca e garras nos
dedos. Durante a noite, ele entra nas casas, alojando-se em qualquer
cômodo, exceto nos quartos. Pode estar escondido debaixo do sofá, atrás
da estante ou dentro de uma gaveta. O carazi não é uma criança comum,
como você deve ter notado: ele se contorce de tal forma que cabe em
qualquer lugar. E ali permanece, esperando.
A partir do momento em que há algum movimento na casa, ele vai
investigar. Se ver alguém – você, por exemplo – que se levantou para
beber água ou, quem sabe, desligar a TV da sala que foi deixada ligada,
ele passa a observá-lo. O efeito é imediato: você começa a sofrer de
insônia e não conseguirá mais dormir.
Concentrando-se, você poderá ser capaz de ouvir o carazi. Ou escutará
seus passos, ou sua respiração anasalada, ou algum objeto no qual ele
possa esbarrar sem querer. Quando ele ver que você está fora da cama,
receberá uma espécie de permissão para entrar em seu quarto e lá irá se
instalar.
Geralmente, ele se esconde embaixo da cama (talvez isso explique os
ruídos noturnos que te atormentam…). As vozes, os arranhões, aquela
presença estranha, tudo isso pode ser obra do carazi. O tempo passa e o
carazi está há tanto tempo debaixo de sua cama que você passa a vê-lo
inclusive de dia. Mas apenas você o vê, e as pessoas pensam que está
paranoico. Você tem duas opções: ignorá-lo ou contar tudo e ser taxado
como um louco alucinado.
Se estiver pensando em se levantar e apagar a luz, pense de novo. O
simples ato de se erguer da cama já é o suficiente para autorizar o
carazi a atormentá-lo. Se, por algum acaso, ouvir ruídos estranhos ou
sentir uma presença ou mal-estar… Bem, esse texto em nada ajudou, a não
ser a informá-lo. Acredito que não haja mais nada a fazer em seu caso.
Boa sorte.
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